quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Uma relação obscena: A Mãe e sua Cozinha.

Talvez eu deva ser mais específica quanto ao título. É a relação obscena entre a minha mãe e sua cozinha. Quem já foi visitar inocentemente a cozinha da minha mãe sabe que é um mundo novo lá dentro. Minha mãe é aquela pessoa chata (E GLAMUROSA, MÃE!) que vai na Via Inox da Tramontina e diz pra atendente "Estou procurando por algo que eu não tenha". A atendente dá aquela excitada pensando "Oba, vou vender", e vai mostrando tudo com um sorriso que só atendente tem, um sorriso que é de teflon com certeza. E ela vai murchando enquanto minha mãe, com aquele sorriso malvado que só minha mãe tem, vai dizendo "Tenho. Tenho. Tenho três. Tenho. Tenho em qualidade melhor. Tenho. Esse aqui...? Ah, também tenho. Cinco desses".

Isso é o tipo de coisa que a minha mãe faz quando tá depressiva, sabe, pra aumentar a auto-estima e tal. Ou não.

Eu lembro quando nossa cozinha era uma cozinha normal. Tinha panelas, pratos e canecas, como toda cozinha normal. Até que HFUHIPFHUIFHIFUIPHPFFFFFFFFFFFFFFFFF... Isso era pra ser um barulho de furacão e tal... Minha mãe começou a trazer pratoscanecastalherespanelascacarecos e até UM BANCO DE ANÃO! Sim, sério. Nossa cozinha tem um banco de anão pendurado na parede, coberto de panelas.


Minha mãe roubou o banco da miniversão de A Praça É Nossa pra pôr as panelas. Tsctsc.

E não para por aí. Minha mãe é a rainha dos ganchos. Minha mãe é a prova de que Newton estava errado. Dois corpos podem sim ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo, principalmente se esses corpos forem bugingangas de cozinha. Minha mãe tem uma relação obscena com a cozinha. Toda vez que ela diz que vai viajar uma luz na minha cabeça aponta pra cozinha. Ela vai voltar com algo. É. E ela volta! Ela volta com talheres, panelas, canecas, QUALQUER COISA. E ela não usa 2/3 de tudo aquilo. Ela compra porque é tudo tão lindo. Tem certos cacarecos que minha mãe trouxe que eu NUNCA a vi usando. Mas ela diz que usa. Aham, é. Duas vezes.

O lance é que nossa cozinha não é tão grande. Nossa cozinha tá saturada. Não existe mais espaços para canecas, panelas, talheres; Lotamos. Mas minha mãe continua com aquele brilho no olhar, o brilho do olhar de alguém que pretende comprar mais porcarias para sua cozinha. E toda vez que eu trago o assunto a tona, ela lança um olhar furtivo ao meu quarto e sorri, malevolamente, dizendo "Haverá espaço".




2 comentários:

  1. Tai, pega dois jogos americanos, por favor? :D

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  2. Meus utensílios, filha-mais-que-amada, são como o seu cérebro: são pouco usados e com resultados duvidosos, mas estão lá para o dia que se aprenda a lidar com eles
    beijim

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